A Copa do prejuízo

A Copa do prejuízo
Estádio da Cidade do Cabo, na África do Sul: elefante branco

Estádio da Cidade do Cabo, na África do Sul: elefante branco

A maior expectativa do povo brasileiro quanto às obras para a Copa seria o legado que elas deixariam depois do apito final. Com apenas 68 das 167 intervenções anunciadas e concluídas até agora, o Brasil não aproveitará a oportunidade de desenvolvimento que um evento desse porte poderia proporcionar. Sobrou desorganização.

Artigos de diversos autores discutem se há de fato ganhos reais para os países que sediam grandes eventos. A Fifa argumenta que a Copa pode trazer às cidades fatores positivos como a própria melhoria na infraestrutura, o crescimento do turismo e a publicidade internacional do país.

Como vimos acima, o cidadão comum aproveitará muito pouco das obras de mobilidade urbana, o comércio tem apontado um possível prejuízo (inclusive pelos feriados) e a imagem do Brasil lá fora, que não era das melhores, tem piorado com tantos problemas. Se tudo correr bem, apesar dos pesares, o país já perdeu sua grande chance.

Para conforto tupiniquim, se é que isso refresca alguma coisa, a Copa de 1994 nos Estados Unidos provocou um prejuízo de US$ 9 bilhões em vez de lucro de US$ 4 bi estimado inicialmente. Na Coreia do Sul e Japão, em 2002, o custo das obras foi muito superior ao programado logo após a confirmação do evento.

Em 2006, na Alemanha, apenas um estádio novo foi construído – a Allianz Arena, em Munique. Dos US$ 1,9 bilhão investidos nos estádios, 60% foram financiados por clubes e investidores privados e 40% de recursos públicos. O país contava ainda com uma extensa rede de rodovias e ferrovias e um grande número de aeroportos.

Enquanto isso, a última Copa realizada na África do Sul está entre os casos de prejuízo. O estádio da Cidade do Cabo custou 30% a mais do previsto e resultou numa instalação pouco utilizada. Temos alguns casos semelhantes no Brasil, como a Arena da Amazônia, em Manaus, que está na faixa dos R$ 800 milhões e já é considerada um imponente elefante branco.

A África do Sul, contudo, investiu US$ 15 bilhões no sistema de transporte. As rodovias foram modernizadas, os aeroportos ampliados e foi construído o trem rápido ligando Johanesburgo a Petrória. Houve ainda a implantação do bilhete único, do ônibus rápido e estações intermodais. Isso sem falar nos investimentos em tecnologia de informação.

Tais exemplos nos fazem pensar se de fato valeu a pena encarar a organização da Copa. Embora o Brasil seja a “pátria de chuteiras”, a população está cansada de ver tanto descaso com as agruras diárias. Agora é correr contra o tempo para que o prejuízo a médio e longo prazo seja o menor possível.

Marcos Pereira – presidente nacional do PRB

Acesse: www.facebook.com/marcopereira0404

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